16 dezembro 2009

A sensação mais estranha que insisti em me invadir nesse momento é a inveja que sinto de mim mesma. Ou melhor, a inveja que sinto do meu próprio passado, da minha vida e rotina antiga. A inveja que sinto da pureza e ingenuidade, que hoje já não conservo dentro de mim. Inveja da felicidade, das emoções que pude sentir e viver intensamente (intensa, é sempre a palavra que me define). Inveja de alguns momentos que me senti a própria protagonista de um filme ou livro qualquer. Momentos de descobertas inacreditáveis e revelações do tipo “se eu contar ninguém acredita”. Tive escolhas árduas, me surpreendi comigo mesma e minhas atitudes diversas vezes, sei que houve e ainda há muito suspense em minha própria história. Sinto inveja até mesmo da época em que eu acreditava no que agora, já descobri serem mentiras completas. As declarações sem um pingo de sentimento real que recebi, os “eu te amo para sempre” ou “estarei aqui para tudo” que ouvi, acreditei e descobri tarde serem falsos, sem valor e sem honra. Palavras que já me senti grata por ouvir, que na hora me confortaram e me fizeram sentir amor, sentimento que eu pensava ser correspondido e que hoje, me sinto tola por isso. Palavras e juras ditas, momentos mágicos idem a cenas de novela que vivi, que poderiam ter sido verdadeiros, mais não foram e agora também, jamais serão. Sinto inveja de quando eu ainda não possuía a coleção de decepções e mágoas que agora carrego e são pesadas para mim, me machucam continuamente. Sinto inveja da esperança que já tive, dos sonhos que já foram meus e foram roubados, destruídos. Sinto inveja da criança que fui e me abandonou na estrada me deixando sozinha para seguir, sem sequer ter tempo para despedidas... Sinto inveja de quando tive que se forte, e com coragem fui, continuo sendo.

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